"O livro de hoje da seção "Leitura Recomendada" é Mascotes: semiótica da vida imaginária, escrito pela Doutora em semiótica Clotilde Perez. Um obra que deixa a nossa galeria ainda mais rica, já que o assunto não é dos mais abordados nas universidades de comunicação do país. Também é uma leitura válida porque, dentre outros motivos, lembra que as personagens e personalidades são particularmente úteis para criar notoriedade às marcas. Os consumidores que tiverem um sentimento forte em relação a uma personalidade, provavelmente criarão perceppções favoráveis acerca de produtos, marcas ou organizações com os quais aquela personalidade esteja associada.
O termo "mascote" é um substantivo feminino atribuído a uma pessoa, animal ou objeto que se considera capaz de proporcionar sorte, felicidade, fortuna. É uma criatura limiar, que oscila entre o mundo material e a dimensão sobrenatural, entre o tangível e o etéreo, entre o real e o imaginário. Representa um ponto de intersecção entre o humano e o divino. Em outras palavras: as mascotes são artefatos culturais, mas antes de tudo, são um fenômeno cultural. O livro apresenta e discute com extrema clareza as nuanças, criações, estratégias e posicionamentos das personagens de marca, ou seja, as mascotes.
Ao ler o livro você percebe, até com certa facilidade, porque as mascotes se adaptaram tão bem à publicidade. O mundo da propaganda é repleto de cores, de imaginação, de excesso nas formas, nos conteúdos e na exploração sensorial. As mascotes nos ajudam a entender a vida de uma maneira menos neurótica, mais cheia de mistério e prazer estético, pura fruição. São fenômenos sígnicos com muita imaginação e normalmente têm forte conexão com as expressões daquilo que ele vai se agregar. Perceba como as mascotes estão muito presentes nos produtos e marcas infantis - elas representam o significado da marca adaptado ao desenvolvimento cognitivo e psiocológico da criança, transmitindo os valores da marca e, simultaneamente, estabelecem uma relação entre a marca e a criança ao nível cognitivo (reconhecimento e memorização da marca) e afetivo (simpatia e atração pela marca.
As mascotes têm como finalidade aproximar a marca das pessoas e, na comunicação publicitária, podem ter uma expressão mais ou menos ativa, assumindo a sua presença como função da necessidade de reforço da marca. Por isso, o papel da mascote é um fator relevante a ser considerado nas estratégias comunicacionais a serem construídas para desenvolverem a marca. Os diferentes papéis das personagens devem estar relacionados com o tipo de produtos que se deseja dar visibilidade e com o tipo de vínculo que se deseja construir com as pessoas. O desafio atual parece ser o de utilizar os novos e velhos espaços e possibilidades expressivas para criar objetos sígnicos de identificação para uma sociedade de identidades plurais e de identidades cada vez mais fragmentadas e móveis, que atestam o fim da previsão e do conforto psíquico da segurança modernista."
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