Hiperpublicidade - Fundamentos e Interfaces

Postado por Luciano Marino no "Louco, não. Publicitário.",9 de março de 2011:


"Em dezembro de 2010 recomendei aqui o segundo volume do excelente livro Hiperpublicidade - Atividades e Tendências, organizado por Clotilde Perez e Ivan Santo Barbosa. Pois bem, relembro essa postagem para falar agora do volume 1:Hiperpublicidade - Fundamentos e Inferfaces. E assim como sublinhei anteriormente, é mais uma obra que se destaca pela definição de conceitos de forma extremamente didática e atual. Se você pretende fazer boa propaganda, entenda que estamos falando de uma leitura obrigatória.

Neste primeiro volume, mais teórico, o papel do publicitário é colocado como de um profissional que deve buscar incessantemente o valioso conhecimento geral de mundo -já falamos disso em outras situações aqui no blog. Um publicitário precisa enxergar além da linha do horizonte para entender as necessidades humanas e usar desse argumento para lançar um produto realmente competitivo no mercado. O homem de propaganda tem que ser informado com todo tipo e toda a espécie, seja acadêmica, técnica e até amenidades e reunir uma bagagem cultural sólida, que englobe a história da arte clássica e moderna, literatura, filosofia, teatro, cinema e conhecer os principais movimentos culturais. A publicidade é hoje componente relevante da cultura do cidadão médio. Campanhas publicitárias compõem nosso imaginário coletivo, um universo rico em significados culturais.

As agências também passaram a desempenhar um novo papel. O que antes era uma simples intermediária na veiculação de anúncios, hoje se transformou nas chamadas agências full service. De fato, talvez poucas empresas tenham mudado tanto em termos de função quanto as agências de propaganda. E acredite: o formato que conhecemos hoje, será completamente diferente em um curtíssimo espaço de tempo. Também constatei no livro o que sempre converso com um amigo da área: a propaganda está entrando em uma era em que a criatividade já não é mais a chave para o sucesso, quem manda é a estratégia. É a tal Era do Posicionamento.

Também vale a pena a abordagem que o livro dá ao marketing político, que situa o leitor dentro de um amplo cenário em que ele se posiciona. Hoje, o marketing político não pode mais ser visto como uma técnica neutra, capaz de servir para a divulgação de diferentes conteúdos (de direita e de esquerda). O marketing político é um elemento fundamental da ideologia da classe dominante; faz parte do exercício da hegemonia pela burguesia. Ele corresponde a uma visão burguesa sobre a política, transformando-a em atividade marcada pela lógica publicitária, que é a lógica da própria sociedade capitalista.

Como eu disse, é uma leitura obrigatória. Mesmo que você já tenha suas teorias e opiniões muito bem formatadas, considere sempre uma outra hipótese. A sociedade contemporânea, além de complexa, está extremamente dinâmica. Os valores mudam constantemente, exigindo das empresas cada vez mais análises de cenários e tendências do ambiente externo para enfrentar essas mudanças. O indivíduo é maleável e está disponível para atuar em vários estilos de vida dentro de um só dia. Seus valores, baseados no mercado, mudam como muda a moda. O lugar ocupado pela publicidade é consequência do desenvolvimento do capitalismo. Como diria Paul Arden: tudo o que você pensa, pense ao contrário. Ou então, fique com a célebre frase de Philip Kotler: a estratégia vitoriosa do ano anterior pode ser hoje o caminho mais certo para o fracasso."

::HIPERPUBLICIDADE - Volume 1 - Fundamentos e Interfaces
Organizadores: 
Clotilde Perez e Ivan Santo Barbosa
Categoria: 
Marketing e Comunicação

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